quinta-feira, 23 de agosto de 2018

LUGAR MÁGICO

Quero, esta noite, fazer amor contigo
nem que seja só uma vez
e beijar-te a boca toda
pois, o meu amor, não tem pudor
nem acanhamento algum
mas, também, não tem paciência
e não aguenta mais
a premência e urgência do desejo
e eu olho-te, e eu olho-te
na ganância de me pertenceres, amor.

Penso, auspiciosa, ele há de perceber.
Encosto-me a ti, açucarada
esperando um sinal, uma atitude
que eu possa interpretar
como possível e comum resposta
ou simples indicação
mas, tu julgas-te diferente
de todos os outros
e continuas mostrando-te forte
todavia, há no teu olhar
uma tentação traiçoeira, quase animal.

Ai, que dor, que angústia, que aflição!
Pensar no que eu contigo faria
se te mostrasses recetivo
se me enviasses o mais leve gesto
mas, é algo, que não sucede
que não se manifesta
dilacerando o meu pobre peito
tornando-se obsessão
loucura, que parece imperecível
sem cura, degenerativa e incontestável.

Juro, contudo, que hei de conseguir-te
um dia destes, não sei quando
e deitar-te-ei na calçada fria
nas pedras da minha rua
reconhecendo eu que é demência
ou talvez influência
da desmiolada e maldita lua
que, em quarto crescente
faz de mim o que lhe apetece
pondo-me maluca, à mercê, e já se vê!

É isso tal e qual. Não quero nem saber.
Não tenho medo de nada
porque a paixão dá coragem
e quanto mais te pisar
mais forte e vitoriosa me sentirei
e, então, tu vais pedir mais
e muito mais te darei
e enquanto observas a minha lida
tu vais ter e gemer de prazer
e o teu apetitoso corpo
meu lugar mágico
vai ser antro das minhas leviandades.

Sempre julgaste, que eu não era capaz
mas, é mesmo verdade
que podes apelidar de maldade
que me acrescenta
apraz e muito me satisfaz
que me intensifica e me excita
sem apelo, nem agravo
sem hipótese de nenhum recurso
no Tribunal do Amor
que, com a minha petição
encerrou portas para sempre
porque me alimento de excentricidades.


CÉU

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