Quando me dizes que estás para chegar
a inquietação e o desassossego
tornam-se detentores do meu ventre
que sente mariposas incomodando
esperando que o caçador lance a rede
para que, de forma hábil, deixe sair o ar.
É então que os teus sonhos bons e alvos
ascendem as paredes do quarto
e tudo fica transparente e clarividente
e até a janela lança sons especiais
que somente nós ouvimos e sentimos
enquanto as cortinas sussurram saudade.
Para te receber, decoro o chão com flores
que espalho, de jeito estratégico
para que o odor das pétalas te extasiem
e façam abrir os teus lábios ávidos
ao ambiente por mim pensado e criado
misturando eu jasmins com vontades de ti.
A colcha da cama, já toda desapacientada
abre os braços ao teu corpo todo
para que pegue fogo aos teus sentidos
que fazem com que o meu vestido
vermelho e sofisticado, se solte da pele
como abelha, que procura mel na tua boca.
E, finalmente, quando a porta se escancara
deixas a ausência, de jeito alegre
pendurada no puxador, do lado de fora
nela escrevendo: não incomodar!
Tu entras, de afogueada, na minha fome
como pão, que não trago há séculos
fermentado no tempo e instante certo
num prazer durável, voraz e incontrolável
investindo e reinvestindo, em ereção
pela noite dentro, sem uma palavra alforriar.
CÉU