Começa, lenta e suavemente, por abrir o fecho
afagando-me a pele, já em rebelião
doando-se requintada, luxuosa, ressabiada
e logo de imediato, tira-me o vestido.
Calma, não tenhas pressa! Respira e analisa
docemente e pormenorizadamente, e depois, ação.
Quase no ponto. Continua! Ora, deixa-me assim
nua, desamparada de tudo e toda tua.
Acaricia-me e lambe-me da cabeça aos pés
mas com jeito, serenidade e preceito
e percorre a seara do meu corpo, ondulada
com a tua língua e saliva, escaldante, serpenteada.
Todavia, detém-te nas papoilas, que encontrares
colhendo-as e guardando-as na boca
para me deixares cheirosa, única e apetitosa.
Espera! Finca o teu olhar no meu
penetrando-me com ele, silvestre lírio roxo
entrando e saindo, continuando, e sempre a pino.
Acende-te e mantém o meu fogo. Insiste, resiste!
Deixa-me alheada, sem saber de mim
em transe, gozo, em contra mão e sem noção.
Ai, espera! Não te apresses. Faz com calma
Isso, assim mesmo. Gosto, gosto! Hum…
não digas nada, deixa-me açambarcar este tempo.
Escorrega, desliza, suaviza-me e tira-me o senso
deixando-me em brasa. Vulcão excitado
já quase a entrar, sem me avisar, em erupção
com réplicas incisivas e sucessivas.
Queima-me, beija-me, desfaz-me do mundo
e não te preocupes, nem te ocupes com mais nada.
Hoje, sou tua, tu és meu, sim, somos um do outro
vamos ficar na madrugada, que não mente
e saborear o outro dia, os outros dias.
Não penses no eterno, no eternamente, agora
ele é, unicamente, este momento
então, vivamo-lo, com grande intensidade
enquanto dure, meu homem, de hoje e de sempre.
CÉU