sábado, 12 de novembro de 2022

REBULIÇO

Mal te pressinto e sinto

à ombreira da porta

entreaberta e leviana

sei do inevitável

rebuliço do meu corpo

do desalinho do chão

sob os nossos passos.

Prontamente, somos

impiedosas bocas

que se mordem no beijo

botões rebentados

os seios soltos, bravos

entre as tuas mãos

língua com língua

nesta ansiedade

pele com pele

a salgar-nos o ventre

de saudade

esfarrapados.

Que importam os outros

cá dentro temos o mundo

repleto de avidez.

Cá dentro

demolimos paredes

que se envergonham

do desnorte

nas nossas coxas

a gemer em chamas

o vermelho louco da paixão.

Quero-te em mim

abre-me toda

volta-me 

arranha-me os poros 

transpira-me

no teu corpo teso

em espasmos de amor.

Não pares

verga-me toda

rasga-me e verte-te

em mim cravada em ti.

E, sem saber sequer

se a porta se fechou ou não.


CÉU

O MUNDO PASSA POR AQUI