Mal te pressinto e sinto
à ombreira da porta
entreaberta e leviana
sei do inevitável
rebuliço do meu corpo
do desalinho do chão
sob os nossos passos.
Prontamente, somos
impiedosas bocas
que se mordem no beijo
botões rebentados
os seios soltos, bravos
entre as tuas mãos
língua com língua
nesta ansiedade
pele com pele
a salgar-nos o ventre
de saudade
esfarrapados.
Que importam os outros
cá dentro temos o mundo
repleto de avidez.
Cá dentro
demolimos paredes
que se envergonham
do desnorte
nas nossas coxas
a gemer em chamas
o vermelho louco da paixão.
Quero-te em mim
abre-me toda
volta-me
arranha-me os poros
transpira-me
no teu corpo teso
em espasmos de amor.
Não pares
verga-me toda
rasga-me e verte-te
em mim cravada em ti.
E, sem saber sequer
se a porta se fechou ou não.
CÉU