Que o sol te traga energia e vitalidade durante o dia.
Que a lua, carinhosamente, te restaure e te recomponha à noite.
Que a chuva lave e dissipe todas as tuas preocupações.
Que a brisa sopre novas forças no teu ser, como só ela o sabe fazer.
Que seja fácil e suave o teu caminhar pelo mundo.
Que conheças a beleza da natureza e do universo em cada dia da tua existência, com a certeza de que o bem estará presente em todos os dias da tua vida.
BÊNÇÃO APACHE, modificada por mim, ligeiramente.
sábado, 29 de dezembro de 2018
sexta-feira, 23 de novembro de 2018
GOSTAVA TANTO
Gostava tanto que tu tentasses e ousasses
descobrir o odor exato do meu corpo
com a humidade da tua boca
que enleasses e também entrelaçasses
as tuas mãos esguias nas minhas
me olhasses e penetrasses com os olhos
sorrisses e risses com alegria vadia
e me pusesses nua ao som da tua respiração.
Que prendesses e gargarejasses as palavras
tropeçasses e ficasses no meu coração
que me mimasses os cabelos
roçando-te, em cascata, pela minha nuca
e parasses para dizer ao meu ouvido
palavrões de fazer corar a mais atrevida
enquanto a tua língua, destemida
procuraria na minha boca o céu dos sentidos.
Gostava tanto que calasses os meus suspiros
delineando-me a boca de lábios carmim
que quisesses provar e lambuzar
consentindo-te tudo, mas tudo, confesso
sentindo-te como o mais impetuoso amante
furacão avançando contra o meu corpo
que já estava alerta e em agitação
beijando-me os seios e sugando-me o pescoço.
Que acariciasses com doçura as minhas coxas
tentando aperceber-te da sua textura
com fino toque e lasciva doçura
alternando os teus gestos e movimentos
como se estivesses a achar e a abrir
o miolo de uma flor, comprimida e excitada
afastando-lhe as pétalas irresistíveis
tocando-as com os teus dedos famintos
estimulando-as e humidificando-as
com a tua língua desordeira e fascinante
em círculos tais, que nascessem ais
para desabrocharem no orgasmo de um amor.
Que não vás arranjar pretextos para dizer não
pois estás mortinho para pôr em prática
o que te estou quase a implorar
sem qualquer vergonha, nem acanhamento
que possa perturbar o teu desempenho
como lobo, voraz, na floresta fatal
tendo de mim e como graciosa recompensa
uma dança árabe, logo, infalivelmente, sensual.
CÉU
descobrir o odor exato do meu corpo
com a humidade da tua boca
que enleasses e também entrelaçasses
as tuas mãos esguias nas minhas
me olhasses e penetrasses com os olhos
sorrisses e risses com alegria vadia
e me pusesses nua ao som da tua respiração.
Que prendesses e gargarejasses as palavras
tropeçasses e ficasses no meu coração
que me mimasses os cabelos
roçando-te, em cascata, pela minha nuca
e parasses para dizer ao meu ouvido
palavrões de fazer corar a mais atrevida
enquanto a tua língua, destemida
procuraria na minha boca o céu dos sentidos.
Gostava tanto que calasses os meus suspiros
delineando-me a boca de lábios carmim
que quisesses provar e lambuzar
consentindo-te tudo, mas tudo, confesso
sentindo-te como o mais impetuoso amante
furacão avançando contra o meu corpo
que já estava alerta e em agitação
beijando-me os seios e sugando-me o pescoço.
Que acariciasses com doçura as minhas coxas
tentando aperceber-te da sua textura
com fino toque e lasciva doçura
alternando os teus gestos e movimentos
como se estivesses a achar e a abrir
o miolo de uma flor, comprimida e excitada
afastando-lhe as pétalas irresistíveis
tocando-as com os teus dedos famintos
estimulando-as e humidificando-as
com a tua língua desordeira e fascinante
em círculos tais, que nascessem ais
para desabrocharem no orgasmo de um amor.
Que não vás arranjar pretextos para dizer não
pois estás mortinho para pôr em prática
o que te estou quase a implorar
sem qualquer vergonha, nem acanhamento
que possa perturbar o teu desempenho
como lobo, voraz, na floresta fatal
tendo de mim e como graciosa recompensa
uma dança árabe, logo, infalivelmente, sensual.
CÉU
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
CONTRADIÇÃO
Por favor, não me tragas mais penas e lágrimas!
As minhas são um mar de abundância e dor.
É inexplicável e cruel, amar-te tanto
e não te querer.
Sou, decerto, louca e contraditória
e já não tenho discernimento, nem cura.
O solo que piso é áspero, íngreme e desnivelado
(talvez como eu)
e o sol beija-me, sem pudor, o corpo nu
que entrego às palavras
indecifráveis, mudas, potentíssimas
senhoras do seu destino
e por isso nunca sei onde vão parar e ficar.
Ah, amor! Se me cobrisses o corpo com beijos
e me abraçasses muito a alma
tal como quando entras nos meus sonhos!
Mas, nem tentes!
Mandar-te-ia embora, sem hesitar
(não me entendo)
e ficaria ali padecendo, de coração exposto.
As trevas e o sofrimento entraram-me na carne
e quando me firo, o sangue é negro
muito negro, quase da cor dos meus olhos.
Amar-te e não te querer
é tortura a que me dou, de propósito
(que estranho!)
porque gosto do sabor a fel
da agonia forte
do aperto no peito
da pungente angústia
e deste dilacerante desassossego na alma.
É, desta forma, que te quero, não te querendo
amando-te à distância, crudelíssima
imaginando-te no universo
bem longe de mim
para que tenha mais saudades de ti
purificando-me, pela vontade do desejo.
As palavras fogem-me, soltam-se, irreverentes
e de mim, acho, já se livraram todas
num ímpeto feroz, não sei.
Já não te consigo dizer o que sinto
que queria, apenas, não sentir
(não sentir, não me atormentar, não sofrer)
e apenas querer-te como te quero.
CÉU
As minhas são um mar de abundância e dor.
É inexplicável e cruel, amar-te tanto
e não te querer.
Sou, decerto, louca e contraditória
e já não tenho discernimento, nem cura.
O solo que piso é áspero, íngreme e desnivelado
(talvez como eu)
e o sol beija-me, sem pudor, o corpo nu
que entrego às palavras
indecifráveis, mudas, potentíssimas
senhoras do seu destino
e por isso nunca sei onde vão parar e ficar.
Ah, amor! Se me cobrisses o corpo com beijos
e me abraçasses muito a alma
tal como quando entras nos meus sonhos!
Mas, nem tentes!
Mandar-te-ia embora, sem hesitar
(não me entendo)
e ficaria ali padecendo, de coração exposto.
As trevas e o sofrimento entraram-me na carne
e quando me firo, o sangue é negro
muito negro, quase da cor dos meus olhos.
Amar-te e não te querer
é tortura a que me dou, de propósito
(que estranho!)
porque gosto do sabor a fel
da agonia forte
do aperto no peito
da pungente angústia
e deste dilacerante desassossego na alma.
É, desta forma, que te quero, não te querendo
amando-te à distância, crudelíssima
imaginando-te no universo
bem longe de mim
para que tenha mais saudades de ti
purificando-me, pela vontade do desejo.
As palavras fogem-me, soltam-se, irreverentes
e de mim, acho, já se livraram todas
num ímpeto feroz, não sei.
Já não te consigo dizer o que sinto
que queria, apenas, não sentir
(não sentir, não me atormentar, não sofrer)
e apenas querer-te como te quero.
CÉU
sexta-feira, 21 de setembro de 2018
AO TEU DISPOR
Tu, meu homem, nem precisas sequer pedir
que eu mostrar-me-ei totalmente
nas minhas peças íntimas e convidativas
tentando enlouquecer-te de prazer.
Preto com vermelho. Combinará?
Vermelho com preto. Seduzir-te-á?
Que importa isso agora, pensamentos meus?
Fico desassossegada e logo toda alvoroçada
para que sacies as minhas sedes
que não me dão tréguas, mas labaredas
ficando eu toda acesa, já sobremesa.
Crateras profundas, ofegantes, moribundas
lava tórrida, fluente, descompassada
para ser gasta pelos teus caprichos e vícios.
O meu corpo esfaimado, sequioso, chama-te
sempre que está indomável e em brasa
escancarando-se com pompa e circunstância
sem pudor, sem tino e sem vergonha.
Despe-se de tudo, tal como veio ao mundo
entregando-me húmida e preparada
fazendo tu dele o que quiseres e pretenderes.
Nos meus seios vês estrelas, que queres tocar
na cintura, ancas e coxas, planetas viris
sendo nesta cegueira, que tu tateias
mas, juro, que te conduzirei e curarei.
A minha pele nua será teu guia providencial
que tudo promoverá para te orientar
obedecendo a tua língua às pistas, sem hesitar.
E, de imediato, ela alastra, estala e propaga-se
no meu corpo todo, ousado, em rebelião
penetrando tão fundo e tão desmedidamente
conseguindo tocar até a minha alma.
Lambes-me e mordes-me o pescoço lasso
desarmadilhando todo o meu pudor
sem dó nem piedade e com tanta crueldade
mas que me sabe tão, mas tão bem!
Sou tua cortesã dedicada, usa-me e serve-te
meu amor, hoje e sempre, ao teu inteiro dispor.
CÉU
quinta-feira, 23 de agosto de 2018
LUGAR MÁGICO
Quero, esta noite, fazer amor contigo
nem que seja só uma vez
e beijar-te a boca toda
pois, o meu amor, não tem pudor
nem acanhamento algum
mas, também, não tem paciência
e não aguenta mais
a premência e urgência do desejo
e eu olho-te, e eu olho-te
na ganância de me pertenceres, amor.
Penso, auspiciosa, ele há de perceber.
Encosto-me a ti, açucarada
esperando um sinal, uma atitude
que eu possa interpretar
como possível e comum resposta
ou simples indicação
mas, tu julgas-te diferente
de todos os outros
e continuas mostrando-te forte
todavia, há no teu olhar
uma tentação traiçoeira, quase animal.
Ai, que dor, que angústia, que aflição!
Pensar no que eu contigo faria
se te mostrasses recetivo
se me enviasses o mais leve gesto
mas, é algo, que não sucede
que não se manifesta
dilacerando o meu pobre peito
tornando-se obsessão
loucura, que parece imperecível
sem cura, degenerativa e incontestável.
Juro, contudo, que hei de conseguir-te
um dia destes, não sei quando
e deitar-te-ei na calçada fria
nas pedras da minha rua
reconhecendo eu que é demência
ou talvez influência
da desmiolada e maldita lua
que, em quarto crescente
faz de mim o que lhe apetece
pondo-me maluca, à mercê, e já se vê!
É isso tal e qual. Não quero nem saber.
Não tenho medo de nada
porque a paixão dá coragem
e quanto mais te pisar
mais forte e vitoriosa me sentirei
e, então, tu vais pedir mais
e muito mais te darei
e enquanto observas a minha lida
tu vais ter e gemer de prazer
e o teu apetitoso corpo
meu lugar mágico
vai ser antro das minhas leviandades.
Sempre julgaste, que eu não era capaz
mas, é mesmo verdade
que podes apelidar de maldade
que me acrescenta
apraz e muito me satisfaz
que me intensifica e me excita
sem apelo, nem agravo
sem hipótese de nenhum recurso
no Tribunal do Amor
que, com a minha petição
encerrou portas para sempre
porque me alimento de excentricidades.
CÉU
nem que seja só uma vez
e beijar-te a boca toda
pois, o meu amor, não tem pudor
nem acanhamento algum
mas, também, não tem paciência
e não aguenta mais
a premência e urgência do desejo
e eu olho-te, e eu olho-te
na ganância de me pertenceres, amor.
Penso, auspiciosa, ele há de perceber.
Encosto-me a ti, açucarada
esperando um sinal, uma atitude
que eu possa interpretar
como possível e comum resposta
ou simples indicação
mas, tu julgas-te diferente
de todos os outros
e continuas mostrando-te forte
todavia, há no teu olhar
uma tentação traiçoeira, quase animal.
Ai, que dor, que angústia, que aflição!
Pensar no que eu contigo faria
se te mostrasses recetivo
se me enviasses o mais leve gesto
mas, é algo, que não sucede
que não se manifesta
dilacerando o meu pobre peito
tornando-se obsessão
loucura, que parece imperecível
sem cura, degenerativa e incontestável.
Juro, contudo, que hei de conseguir-te
um dia destes, não sei quando
e deitar-te-ei na calçada fria
nas pedras da minha rua
reconhecendo eu que é demência
ou talvez influência
da desmiolada e maldita lua
que, em quarto crescente
faz de mim o que lhe apetece
pondo-me maluca, à mercê, e já se vê!
É isso tal e qual. Não quero nem saber.
Não tenho medo de nada
porque a paixão dá coragem
e quanto mais te pisar
mais forte e vitoriosa me sentirei
e, então, tu vais pedir mais
e muito mais te darei
e enquanto observas a minha lida
tu vais ter e gemer de prazer
e o teu apetitoso corpo
meu lugar mágico
vai ser antro das minhas leviandades.
Sempre julgaste, que eu não era capaz
mas, é mesmo verdade
que podes apelidar de maldade
que me acrescenta
apraz e muito me satisfaz
que me intensifica e me excita
sem apelo, nem agravo
sem hipótese de nenhum recurso
no Tribunal do Amor
que, com a minha petição
encerrou portas para sempre
porque me alimento de excentricidades.
CÉU
sábado, 14 de julho de 2018
A NOSSA HISTÓRIA
Naquela noite, apropriaste-te do meu corpo
como refúgio privativo, íntimo
lugar para sempre, eterno
terno abrigo onde te escondeste
possuindo-me a alma
como um esconderijo secreto
tantas vezes por ti aberto
antro de recíprocas loucuras
paraíso escancarado
na cumplicidade química e anímica.
Tomaste-me como sendo tua, naquela noite
conquistaste e desbravaste
a minha pele, à vontade
qual terra virgem
que se abre à sementeira
consumindo-me como o fogo
em selva fechada
como água, que a sede mata
como um vício
que o corpo não é capaz de dispensar.
Sei, meu amor de sempre, que em mim vês
muito mais que a imagem
que se reflete no espelho
que a fotografia
que o meu corpo esboça
com a nitidez de um raio de sol
em plena primavera.
Vês-me para lá das curvas apelativas
(és tão bem formado!)
que por noites a fio
te roubam, implacavelmente, o sono.
Sou algo apetecível, bailado no céu da noite
em pose sensual
que tanta vontade suscita
nos teus olhos deslumbrados
pelo lume dos meus
que te consomem sem compaixão
beijando-te languidamente
abraçando-te o peito, fortemente
tirando-te até o fôlego
num só, arrebatador e devorador olhar.
Esta mulher, deusa, ninfa, diva ou princesa
assim me chamas
deixa-te a alma à deriva
pensando que já não tens mais braços
para me tomares e acariciares
nem corpo para possuir e usufruir
tudo aquilo que em mim vês.
Meu querido, não penses, assim
pois revelas falta de confiança
contrária aos nossos sentimentos
que tão bem conhecemos
e à nossa longa e bela história de amor.
CÉU
como refúgio privativo, íntimo
lugar para sempre, eterno
terno abrigo onde te escondeste
possuindo-me a alma
como um esconderijo secreto
tantas vezes por ti aberto
antro de recíprocas loucuras
paraíso escancarado
na cumplicidade química e anímica.
Tomaste-me como sendo tua, naquela noite
conquistaste e desbravaste
a minha pele, à vontade
qual terra virgem
que se abre à sementeira
consumindo-me como o fogo
em selva fechada
como água, que a sede mata
como um vício
que o corpo não é capaz de dispensar.
Sei, meu amor de sempre, que em mim vês
muito mais que a imagem
que se reflete no espelho
que a fotografia
que o meu corpo esboça
com a nitidez de um raio de sol
em plena primavera.
Vês-me para lá das curvas apelativas
(és tão bem formado!)
que por noites a fio
te roubam, implacavelmente, o sono.
Sou algo apetecível, bailado no céu da noite
em pose sensual
que tanta vontade suscita
nos teus olhos deslumbrados
pelo lume dos meus
que te consomem sem compaixão
beijando-te languidamente
abraçando-te o peito, fortemente
tirando-te até o fôlego
num só, arrebatador e devorador olhar.
Esta mulher, deusa, ninfa, diva ou princesa
assim me chamas
deixa-te a alma à deriva
pensando que já não tens mais braços
para me tomares e acariciares
nem corpo para possuir e usufruir
tudo aquilo que em mim vês.
Meu querido, não penses, assim
pois revelas falta de confiança
contrária aos nossos sentimentos
que tão bem conhecemos
e à nossa longa e bela história de amor.
CÉU
sábado, 19 de maio de 2018
MULHER
Quando estás comigo, não tentes entender-me
pelas minhas palavras, reflexo de mim
nem procures ler no meu olhar
o que, na verdade, está no meu coração.
Desvenda os meus segredos
de uma forma silenciosa e inteligente
detém-te nos meus movimentos
e na frágil comoção do meu olhar perdido.
Observa a maneira como eu falo, rio ou sorrio
compreende aquilo que eu não digo
e, algumas vezes, faz de conta
que não percebes, quando me silencio.
Deixa-me escolher as minhas roupas
mudar de penteado e de argolas
olhar-me, obcecadamente, ao espelho
mas não me questiones se a roupa é nova.
Acaricia-me, antes, e apenas com o teu olhar
deixa-me chorar, chorar e soluçar
assim, sem mais nem menos
e enxuga-me as lágrimas com beijos.
Percorre-me o corpo, sem parar
e dentro do generoso decote
do vestido vermelho, que me deste
afaga-me os seios com mãos mártires
detendo-te nas auréolas e mamilos
enquanto o desejo se acende e incendeia.
Quando eu mergulhar e ofuscar os teus olhos
com o meu perturbador olhar
de um trágico nunca, mas nunca mais
não ligues, não dês importância.
Quando estender os braços
humedecer e descolar os lábios
e o meu suave e tímido porte se dobrar
puxa-me para o teu tórax e abdómen
mesmo que não percebas aquelas atitudes.
Depois, mergulha os dedos nos meus cabelos
e se eu falar muito baixinho
ouve os meus murmúrios e sussurros
e pega nas minhas mãos tensas.
Coloca-as, então, dentro das tuas
para sentires o feitiço delas
e em seguida, solta-me como se ave fora
dá-me a autonomia do meu suspirar
emoldura-me com os teus olhos
e deixa-me ir embora, partir livre e voar.
CÉU
pelas minhas palavras, reflexo de mim
nem procures ler no meu olhar
o que, na verdade, está no meu coração.
Desvenda os meus segredos
de uma forma silenciosa e inteligente
detém-te nos meus movimentos
e na frágil comoção do meu olhar perdido.
Observa a maneira como eu falo, rio ou sorrio
compreende aquilo que eu não digo
e, algumas vezes, faz de conta
que não percebes, quando me silencio.
Deixa-me escolher as minhas roupas
mudar de penteado e de argolas
olhar-me, obcecadamente, ao espelho
mas não me questiones se a roupa é nova.
Acaricia-me, antes, e apenas com o teu olhar
deixa-me chorar, chorar e soluçar
assim, sem mais nem menos
e enxuga-me as lágrimas com beijos.
Percorre-me o corpo, sem parar
e dentro do generoso decote
do vestido vermelho, que me deste
afaga-me os seios com mãos mártires
detendo-te nas auréolas e mamilos
enquanto o desejo se acende e incendeia.
Quando eu mergulhar e ofuscar os teus olhos
com o meu perturbador olhar
de um trágico nunca, mas nunca mais
não ligues, não dês importância.
Quando estender os braços
humedecer e descolar os lábios
e o meu suave e tímido porte se dobrar
puxa-me para o teu tórax e abdómen
mesmo que não percebas aquelas atitudes.
Depois, mergulha os dedos nos meus cabelos
e se eu falar muito baixinho
ouve os meus murmúrios e sussurros
e pega nas minhas mãos tensas.
Coloca-as, então, dentro das tuas
para sentires o feitiço delas
e em seguida, solta-me como se ave fora
dá-me a autonomia do meu suspirar
emoldura-me com os teus olhos
e deixa-me ir embora, partir livre e voar.
CÉU
quarta-feira, 21 de março de 2018
LOUCURA
CELEBRA-SE, HOJE, DIA 21 DE MARÇO, O DIA MUNDIAL DA POESIA. EIS A MINHA PARTICIPAÇÃO!
Hoje, não é o dia mais indicado para falar-vos
pois, não saberia dizer-vos nada.
Hoje, sou o reflexo teimoso
de umas mãos, que não sabem escrever
que não podem escrever
mas que necessitam de o fazer.
Saberei eu, ao menos, interiorizar isto?
Serei eu, enquanto louca, capaz de escrever?
Destrambelhada, escrevo para os outros
sem saber o que dizer.
Que dirá quem me não conhece?
Que dirá quem me namora há tanto os olhos?
Louca, é esta vossa amiga, virtual, bem o sei
que pensa escrever e escreve
e ninguém teve ainda arrojo, coragem
para lhe dizer que pare?
É vergonha, é vexame escrever
sem nada de jeito dizer
sendo o constrangimento meu e só meu.
Que valor terão as palavras ocas de sentido
e sem destinatário?
É como pôr uma carta no correio
sem direção ou remetente
e o carteiro, na regular distribuição
vê um envelope sem letras
que coloca, mecanicamente, numa caixa.
Continuo a escrever muitíssimo, como louca
e todas as palavras
me penetram e escorrem em mim
numa correria de hospício
a ver qual delas chega primeiro.
E para quê? Se todas juntas, reunidas
nunca transmitirão mensagens
e se lidas, algum dia
será que alguém, pergunto-me
terá interesse em saber
se uma louca pode e sabe escrever?
Ah, meu fado, minha loucura de palavras!
Louca, de todo, por procurar a palavra certa
para começar a escrever o amor
que só um coração louco
pode saber escrever.
Quando as dores me entorpeçam as mãos
fico de peito ferido, dorido
e zango-me com a minha incapacidade.
Eu choro tristeza, e a loucura sai destravada
em cada palavra
capaz de ferir de morte
cada sílaba, nome, verbo ou conjugação
e, de uma assentada
arremesso o que tenho nas mãos
destruindo toda a morfologia e sintaxe.
Digam-me, então, que figura faço eu agora
que destruí toda a gramática
que me tirava a loucura?
Como poderei explicar às palavras
com voz doce e mentirosa
que terão um dia, o seu grande dia
num texto estupendo, invulgar, magnífico?
Sou louca. Podia amar as palavras, apenas
agora implorar-lhes
para serem minha pertença?
Não, já não sou nada, nem mulher
sou antes a vergonha do nada, que sou
e por isso, não consigo já ver
não me bastando ser louca, e agora cega.
Louca, todos os dias, a sonhar e a devanear
todos os dias a lamber
as feridas das conjunções e locuções
que troçam desta exigência.
Sei que, para sempre, serei louca
sabendo que escrevo para ninguém
mas é desta loucura
que me construo e sou diferente
sempre que vos enfrento
e mesmo sem nada saber dizer
criei a esperança de um dia escrever
um texto bom, excelente, para vos agradar.
Quando o lerdes, sabendo que, sou demente
quero que compreendam
a minha adoração pelas palavras
e que um dia, não sei quando
serão elas, que farão com que os poetas
(ó poetas, não durmais)
sejam tal e qual, exatamente, como elas.
CÉU
Hoje, não é o dia mais indicado para falar-vos
pois, não saberia dizer-vos nada.
Hoje, sou o reflexo teimoso
de umas mãos, que não sabem escrever
que não podem escrever
mas que necessitam de o fazer.
Saberei eu, ao menos, interiorizar isto?
Serei eu, enquanto louca, capaz de escrever?
Destrambelhada, escrevo para os outros
sem saber o que dizer.
Que dirá quem me não conhece?
Que dirá quem me namora há tanto os olhos?
Louca, é esta vossa amiga, virtual, bem o sei
que pensa escrever e escreve
e ninguém teve ainda arrojo, coragem
para lhe dizer que pare?
É vergonha, é vexame escrever
sem nada de jeito dizer
sendo o constrangimento meu e só meu.
Que valor terão as palavras ocas de sentido
e sem destinatário?
É como pôr uma carta no correio
sem direção ou remetente
e o carteiro, na regular distribuição
vê um envelope sem letras
que coloca, mecanicamente, numa caixa.
Continuo a escrever muitíssimo, como louca
e todas as palavras
me penetram e escorrem em mim
numa correria de hospício
a ver qual delas chega primeiro.
E para quê? Se todas juntas, reunidas
nunca transmitirão mensagens
e se lidas, algum dia
será que alguém, pergunto-me
terá interesse em saber
se uma louca pode e sabe escrever?
Ah, meu fado, minha loucura de palavras!
Louca, de todo, por procurar a palavra certa
para começar a escrever o amor
que só um coração louco
pode saber escrever.
Quando as dores me entorpeçam as mãos
fico de peito ferido, dorido
e zango-me com a minha incapacidade.
Eu choro tristeza, e a loucura sai destravada
em cada palavra
capaz de ferir de morte
cada sílaba, nome, verbo ou conjugação
e, de uma assentada
arremesso o que tenho nas mãos
destruindo toda a morfologia e sintaxe.
Digam-me, então, que figura faço eu agora
que destruí toda a gramática
que me tirava a loucura?
Como poderei explicar às palavras
com voz doce e mentirosa
que terão um dia, o seu grande dia
num texto estupendo, invulgar, magnífico?
Sou louca. Podia amar as palavras, apenas
agora implorar-lhes
para serem minha pertença?
Não, já não sou nada, nem mulher
sou antes a vergonha do nada, que sou
e por isso, não consigo já ver
não me bastando ser louca, e agora cega.
Louca, todos os dias, a sonhar e a devanear
todos os dias a lamber
as feridas das conjunções e locuções
que troçam desta exigência.
Sei que, para sempre, serei louca
sabendo que escrevo para ninguém
mas é desta loucura
que me construo e sou diferente
sempre que vos enfrento
e mesmo sem nada saber dizer
criei a esperança de um dia escrever
um texto bom, excelente, para vos agradar.
Quando o lerdes, sabendo que, sou demente
quero que compreendam
a minha adoração pelas palavras
e que um dia, não sei quando
serão elas, que farão com que os poetas
(ó poetas, não durmais)
sejam tal e qual, exatamente, como elas.
CÉU
sábado, 10 de fevereiro de 2018
NESSA HORA
Atrevido, ris de longe, para dentro dos meus olhos
mal desconfias, suspeitas e me pressentes
à ombreira da minha porta entreaberta.
Sei de cor o inevitável reboliço do teu corpo
do desatino e desalinho do chão
sob os teus passos famintos, com pressa
pois vens com o sol todo do firmamento no olhar.
Nessa hora, prontamente, somos bocas impiedosas
que se mordem e se esmagamNessa hora, prontamente, somos bocas impiedosas
botões, tímidos, assaltados e rebentados
seios livres, à solta, para serem alimentados
entre as tuas insaciáveis mãos.
Língua com língua, nesta ansiedade
dissolvo na tua boca um silêncio adocicado
que incita a pele a destrambelhar-me o ventre
já excitado e acamado, engrandecendo-se
numa luxúria e tertúlia, de que só nós propiciamos.
Que nos importam estes, esses, os outros, aqueles
se no interior de nós há luz própria, e tanta
sob a forma de pirilampos secretos e mágicos.
Cá dentro, arrebatados, demolimos paredes
que, puritanas, se envergonham
da desorientação dos nossos corpos suados
gemendo em labaredas rubras, tórridas de paixão.
Vem! Dou-te colo. Exijo-te em mim. Abre-me toda!
Volta-me, ziguezagueia-me, descoordena-me
transpira-me no teu corpo tenso e teso
em espasmos e convulsões de amor
e não pares, e não pares, antes, verga-me!
Rasga-me e verte-te em mim
da forma menos habitual e racional
da forma menos habitual e racional
como se fosses rio devastando margens e foz
e eu, sem sequer, me lembrar e importar
se a minha porta, a entreaberta, se fechou.
Quero lá eu saber disso, agora!
Estamos dentro um do outro, e é isso que importa.
CÉU
Quero lá eu saber disso, agora!
Estamos dentro um do outro, e é isso que importa.
CÉU
domingo, 7 de janeiro de 2018
VIAGENS
Tal como tanto me pediste e quase suplicaste
naquele dia, que nunca esquecerei
vesti o meu vestido branco
o mais leve, doce e transparente de todos
e fui contigo ver nascer o sol.
Logo que lá chegámos, despi o vestido
lançando-o ao vento leve, que se fazia sentir
e permiti que a luz afogueada
cobrisse de beijos voluptuosos e húmidos
todas as constelações da minha pele
que linda e louca, se pôs a jeito
para receber as tuas mãos, por inteiro
que, já em espera e agitadas, se alvoroçavam.
Consenti que o cheiro e o sabor da minha carne
temperassem a tua boca
que ansiosa, esfaimada, buscava o alimento
o único, que a sossegava e saciava.
Libertei o meu corpo alagado
em forma de ribeira mansa, quase deusa
e preenchi de juras e bênçãos
essas tuas mãos, que somente em mim
descobriam roteiros íntimos
de todos os acessos e desconhecidos caminhos
que conduziam à mais desejada Índia
até que os cabos, ventos contrários, correntes
nos esgotassem e consumissem. Ó bendito cansaço!
E logo depois, meu amor, repousámos e sonhámos
enquanto o meu vestido branco
o mais alvo, dado, leve e apelativo de todos
o que mais te chamava e excitava
e que tanto gostavas de apalpar e acariciar
enfeitasse a orla dos meus contornos
somente na tua imaginação
pois, querias-me desnuda, em pele
para te realizares, bem à-vontade, em mim
até que eu me desse por vencida
concretizando-se a fundição dos nossos corpos
que, aliviados, sem preconceitos e satisfeitos
seriam poente, que sorrateiramente, se ausentava.
CÉU
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