domingo, 7 de junho de 2020

VIAGEM

No lusco-fusco do quarto, sinto-te o corpo agitado
enquanto o coração se ilumina e te salta do peito
em raios de luz nunca antes vistos de tão fortes.
A escuridão ganha luz e aparecem as sombras
que permitem que me toques, sem me veres bem
sentindo-me eu presença assídua na tua existência   
caminhando a teu lado, ao longo de tantos anos
amando-te, tão desalmadamente, pelas noites fora
sendo o meu corpo penetrado pelo frémito do teu
que o reconhece pelo ímpeto na minha pele despida.

Absorves o calor dos meus lábios cruzando os teus
a intensidade dos mares dos meus tórridos olhos
quando vem inundar e beijar a areia das tuas praias.
Das minhas mãos acolhes o tato com que te acaricias
sentindo-te meu a cada instante, a cada gesto subtil
recebendo na essência de ti, o meu corpo carente
tomando-o, abraçando-o, beijando-o, sofregamente
numa louca excitação, de fazer inveja a toda a gente
deixando-o, completamente, entregue, sem hesitar
ao teu corpo descontrolado e húmido de tanto prazer.

Sinto e inalo do ar, o perfume da tua agradável pele
como se tivesses vindo daí, de tão longe, até aqui
como se estivesses bem perto e juntinho de mim.
As minhas mãos estrebucham no ar, procurando-te
fascínio, magia, aquela que te faz até mim viajar
ou, pura e simplesmente, vontade de te reencontrar. 


CÉU


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