Gostava tanto que tu tentasses e ousasses
descobrir o odor exato do meu corpo
com a humidade da tua boca
que enleasses e também entrelaçasses
as tuas mãos esguias nas minhas
me olhasses e penetrasses com os olhos
sorrisses e risses com alegria vadia
e me pusesses nua ao som da tua respiração.
Que prendesses e gargarejasses as palavras
tropeçasses e ficasses no meu coração
que me mimasses os cabelos
roçando-te, em cascata, pela minha nuca
e parasses para dizer ao meu ouvido
palavrões de fazer corar a mais atrevida
enquanto a tua língua, destemida
procuraria na minha boca o céu dos sentidos.
Gostava tanto que calasses os meus suspiros
delineando-me a boca de lábios carmim
que quisesses provar e lambuzar
consentindo-te tudo, mas tudo, confesso
sentindo-te como o mais impetuoso amante
furacão avançando contra o meu corpo
que já estava alerta e em agitação
beijando-me os seios e sugando-me o pescoço.
Que acariciasses com doçura as minhas coxas
tentando aperceber-te da sua textura
com fino toque e lasciva doçura
alternando os teus gestos e movimentos
como se estivesses a achar e a abrir
o miolo de uma flor, comprimida e excitada
afastando-lhe as pétalas irresistíveis
tocando-as com os teus dedos famintos
estimulando-as e humidificando-as
com a tua língua desordeira e fascinante
em círculos tais, que nascessem ais
para desabrocharem no orgasmo de um amor.
Que não vás arranjar pretextos para dizer não
pois estás mortinho para pôr em prática
o que te estou quase a implorar
sem qualquer vergonha, nem acanhamento
que possa perturbar o teu desempenho
como lobo, voraz, na floresta fatal
tendo de mim e como graciosa recompensa
uma dança árabe, logo, infalivelmente, sensual.
CÉU