sábado, 14 de julho de 2018

A NOSSA HISTÓRIA

Naquela noite, apropriaste-te do meu corpo
como refúgio privativo, íntimo
lugar para sempre, eterno
terno abrigo onde te escondeste
possuindo-me a alma
como um esconderijo secreto
tantas vezes por ti aberto
antro de recíprocas loucuras
paraíso escancarado
na cumplicidade química e anímica.

Tomaste-me como sendo tua, naquela noite
conquistaste e desbravaste
a minha pele, à vontade
qual terra virgem
que se abre à sementeira
consumindo-me como o fogo
em selva fechada
como água, que a sede mata
como um vício
que o corpo não é capaz de dispensar.

Sei, meu amor de sempre, que em mim vês
muito mais que a imagem
que se reflete no espelho
que a fotografia
que o meu corpo esboça
com a nitidez de um raio de sol
em plena primavera.
Vês-me para lá das curvas apelativas
(és tão bem formado!)
que por noites a fio
te roubam, implacavelmente, o sono.

Sou algo apetecível, bailado no céu da noite
em pose sensual
que tanta vontade suscita
nos teus olhos deslumbrados
pelo lume dos meus
que te consomem sem compaixão  
beijando-te languidamente
abraçando-te o peito, fortemente
tirando-te até o fôlego
num só, arrebatador e devorador olhar.

Esta mulher, deusa, ninfa, diva ou princesa
assim me chamas
deixa-te a alma à deriva
pensando que já não tens mais braços
para me tomares e acariciares
nem corpo para possuir e usufruir
tudo aquilo que em mim vês.
Meu querido, não penses, assim
pois revelas falta de confiança
contrária aos nossos sentimentos
que tão bem conhecemos
e à nossa longa e bela história de amor.


CÉU

O MUNDO PASSA POR AQUI