Quando pareces de mim desinteressado
e levas contigo o que de melhor tenho
sou do verso, a rima torta e morta
enquanto as minhas mãos se contorcem
em movimentos doloridos e aflitos
na acentuação de todos os meus gestos.
Sei de cor o som, o eco da tua ausência
que trata, vilmente, os meus ouvidos
com passos e gritos ensurdecedores
acompanhados pelas lâminas do vento
nos dias em agonia, interiorizados
na trituração natural do moinho da vida.
Esta, por certo, traz somente a demora
impregnada de momentos amargos
em que, desnorteada, me despe
e me entrega à madrugada, sem hora
temendo eu, que me retire o sabor
do teu amor, nos fios que ela bem tece.
E aí, logo vem o medo, sem explicação
quando os nossos olhares se falam
mas não ouvem o grito do meu corpo
que é uivo lancinante e pungente
de loba, de fêmea desiludida e ferida
que com pés silenciosos e furtivos
procura novos caminhos, naturalmente.
CÉU