domingo, 3 de janeiro de 2021

GOZO


Deito-me lenta e febrilmente sobre a cama

no espaço em chamas que nos chama

onde dia a dia me debruço sobre versos

enquanto cá não chegam, irrequietos

em fortes anseios que me cortam a razão.


Continuando a amar-te, destemidamente

deixo-me cobrir como se pomba fora

infestando-me com o melhor que possuis

e que me ofereces tão enamoradamente

de olhos assombrados como se moura fora.


Cometo, sem temer, o mais doce adultério

quando, excitada, sorvo os teus lábios

denunciando-se os abalos no meu corpo

e amolgando com luxúria o meu flanco

vais descobrindo todos os meus mistérios.


Perdes-te, ressabiado, nas minhas carnes

saboreias em mim o que a poesia quer 

beijas-me, doidivanas, a sugar por gosto

até que molhada, já não aguente mais

podendo fazeres-me unicamente tua 

quando eu encontrar, finalmente, o gozo.


CÉU

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