Deito-me lenta e febrilmente sobre a cama
no espaço em chamas que nos chama
onde dia a dia me debruço sobre versos
enquanto cá não chegam, irrequietos
em fortes anseios que me cortam a razão.
Continuando a amar-te, destemidamente
deixo-me cobrir como se pomba fora
infestando-me com o melhor que possuis
e que me ofereces tão enamoradamente
de olhos assombrados como se moura fora.
Cometo, sem temer, o mais doce adultério
quando, excitada, sorvo os teus lábios
denunciando-se os abalos no meu corpo
e amolgando com luxúria o meu flanco
vais descobrindo todos os meus mistérios.
Perdes-te, ressabiado, nas minhas carnes
saboreias em mim o que a poesia quer
beijas-me, doidivanas, a sugar por gosto
até que molhada, já não aguente mais
podendo fazeres-me unicamente tua
quando eu encontrar, finalmente, o gozo.
CÉU