Aproximei-me dele, fitando-o de forma apelativa
enleando-me melhor, que serpente oriental
mostrando-me e exibindo-me
que o espetáculo era eu que o fazia,
e como muito bem queria.
Semicerrei os olhos, descolei os lábios,
carnudos, rubros e quentes
e com o indicador, convidei-o, provocantemente.
Comecei a trepar, felinamente e empenhada
balbuciando sílabas e sons,
pensados, engendrados e propositados
que se faziam ouvir em ecos
enquanto os meus cabelos sacudiam os ares
num ondular luxuriante e sensual
ao qual o corpo dele não resistiu, e incontido, reagiu.
Ponto de ordem à mesa, disse: isto é o aperitivo!
Seguramente já não ouviu a minha frase
e tanto assim, que se atirou a mim
rápido, de uma assentada
retirando-me as duas peças, íntimas
que estraçalhou à dentada
como um animal que mata para sobreviver
num desatino tresloucado, febril e todo esfaimado.
Fiquei, por momentos, amedrontada, gelada
mas, de imediato, pus-me em ação
desenvencilhando-me, subtil, do varão
mostrando-lhe que sou mulher
inteligente e prudente.
Corri logo para os braços dele
feita gata borralheira
à espera do beijo longo e fundo
como sempre acontecia nos contos de fadas.
Encantado e deslumbrado com o meu gesto
ficou de olhar explosivo
que lhe valeu o pulsar do meu peito
totalmente, em alvoroço
a rigidez dos meus seios redondinhos
prontinhos para o endoidar
a amplitude do encaixe do meu ventre
para o satisfazer e aninhar
em vaivéns originais e transcendentais
pais de orgasmos repetidos, tão únicos e seguidos.
Foi na cama dele, que eu comecei a atuar
por não me sentir naquele espaço
como profissional real em apreciação
mas como mulher muito desejada e amada.
Nós, de ritmo pronto e afinado,
melhor que qualquer orquestra ensaiada
com movimentos belos, melódicos
que de tanta simetria, o luar atrevido
invadiu-nos, sem dizer nada, assim à revelia.
Agora, de fogo ateado no olhar, incontrolado
fizemos a fusão sublime um no outro
bem conscientes e assumidos
partindo vivos e felizes para um paraíso
somente, por nós, merecido.
Ah, como eu ficaria contente e feliz
se todas experimentassem
esta indescritível e inexplicável sensação
que é abandonar um varão
para que se dê a união de facto
decididamente, de um corpo e de um coração.
CÉU
Boa noite, muito bem, o que escreveu cativa e muito, o olhar explosivo é a melhor maquina fotográfica existente, quando se cruzam faz estremecer o corpo.
ResponderEliminarAG
Doce e picante, delicado e agressivo, instintivo. O texto e os atos nele se assemelham aos movimentos do bater do coração, seguindo um ritmo de sístoles e diástoles. Genial.
ResponderEliminarBeijo e boa semana pra ti, Céu.
www.dilemascotidianos.blogspot.com
"Conscientes e assumidos", mencionou você. E transformou, em meu entendimento, a paixão dele, fundada apena em desejo, em um encontro de amor. Bjs.
ResponderEliminarA dança do varão, quando bem executada, e no caso de Demi Moore faz-nos mexer na cadeira, é terrivelmente sensual.
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana
Uma pitada de pimenta, uma colher de açúcar, 100 gramas de volúpia, igual quantidade de erotismo, 1/2 litro de desejo e sal a gosto. Foi assim que construiu este belíssimo texto, não foi Céu?
ResponderEliminarEXCELENTE!
Receita certa, Céu, apara tingir o paraíso: unir o corpo ao coração! Belo texto, boa semana.
ResponderEliminarDe facto imagino a sinfonia, Acordes perfeitos, total sincronismo no devorar da pauta, onde a batuta do maestro se iria perder no ardor da luta.
ResponderEliminarDepois o descanso dos guerreiros.
Perfeito
gostei do "ponto de ordem" - que o amor não é balda nenhuma!...
ResponderEliminare não há poder sem "exercício" do poder (erótico) ...
deliciosa subida ao Céu.
El paraiso lo tenemos en la tierra,solo hay que saber buscarlo
ResponderEliminarComo sempre...seu texto bem sensual...sempre de agradável leitura! Bj
ResponderEliminarFico sempre sem palavras, porque aquilo que escreves é sempre fantástico!
ResponderEliminarr: Nem sempre é fácil acompanharmos os detalhes, mas são eles que fazem a diferença :)
Muito, muito obrigada*
ResponderEliminarTudo em ti me enfeitiça
E levanta meu alento
Retira toda preguiça
Em tal assunto de peso
Me deixando todo teso
Bandeiras aos quatro ventos
Teu ondular fascinante
Impede-me a resistência
Me acende num instante
E culmina com teu beijo
Explodindo-me o desejo
E levando-me à demência
Tento conter-me pra não
Levantar um alvoroço
Toda luta é em vão
Nada vem em teu socorro
Atiro-me igual cachorro
Quando lhe destinam osso
Certamente já fui moço
Que tinha muito mais gás
Já não sendo um colosso
Contudo estou feliz
A menina rindo diz:
"O coroa satisfaz!"
Kisojn.
Céu faz-me pensar, sobre como é possível fazer algo tão simples como a escrita se tornar tão quente...adorando ler seus poemas...gde bjucas pra vc!
ResponderEliminarAh! minha linda, por mais impecável que seja a perfomance, sem o sal da emoção, fica por isso mesmo - perfomance!
ResponderEliminarIntenso, fascinante, envolvente, sensual, menos explícito... e contudo infinitamente provocante...
ResponderEliminarComo sempre por aqui, Céu, um texto brilhante!
E a escolha musical... o complemento mais que perfeito!
Fantástico trabalho!
Beijos, Céu! Continuação de uma óptima semana!
Ana
Hummm...bom demais, menina...
ResponderEliminarCéu, beijosss!!!
Seguramente la traducción me ha impedido accede a todo lo que late en el poema.
ResponderEliminarAún así me ha parecido magnífico.
Bem, entre quatro paredes vale tudo e se houver um varão, é sempre uma forma de apimentar a relação.
ResponderEliminarCom umas horinhas de prática ainda dá para fazer um brilharete melhor que o da Demi Moore nesse filme ehehehe
Beijos
Estrelinha, C(c)éu, fogo...
ResponderEliminarUns deslumbrados outros babados. Outro toma notas para algum guião caseiro,até há quem traga o pente, para o toque final? É há quem queira pagar - um erro grosseiro - não se paga senhores, não se paga.
Estrelinha, Céu, fogo! A ilusão risca a noite, a estrelinha risca o Céu ou Céu é fogo!
Para que não pense que não li o poema digo-lhe, Céu, gostei sobremaneira da conclusão, dos últimos três versos. Tenho dito.
ResponderEliminarComecei a trepar, felinamente, empenhada, determinada
ResponderEliminarbalbuciando sílabas e sons, engendrados e propositados
que se faziam ouvir em equacionados e geminados ecos
enquanto os meus cabelos sorriam e sacudiam os ares
num ondular fascinante, sensual, erótico, luxuriante
ao qual o corpo dele não resistiu, e incontido, reagiu.
Lindo, profundo e dosado de bastante sensualidade este teu poema narrativo. Uma perfeita entrega.
Abraços,
Furtado.
Boa noite Céu.
ResponderEliminarVou lhe confessar, não sei muito bem como cometar nos seus excelentes poemas, nem sei se entende rsrs um dia que li ao lado do meu amor e vi o efeito deles , são picantes, envolventes, incendiantes rsrs. Consegue levar as pessoas a experimentar um sentimento diferente, querer algo mais profundo rsrs,em resumo são muito bem elaborados, com detalhes bem destalhados. Soube esse poema é bem exitantes, eu que estou como diz a minha sobrinha na seca a um més rsrs. Um lindo més de junho. Abraços.
Mi querida amiga CÉU.
ResponderEliminarLa dulce sensualidad de tu poema llega hondo, muy hondo.
Y respecto a Demi Moore que tristeza que semejante hembra se hubiese dejado avasallar años más tarde por un cuasi adolescente.
Fuerte abrazo.
Hoy comienzas tu poema con ganas de comerte el mundo, hay fuerza en tus letras.
ResponderEliminar¡Vaya forma más seductora de conquistar!
Te aproximas de una forma que es natural que no pueda resistirse a tus palabras y al encanto de tu melena ondulada.
Me haces sonreír, si eso era sólo el aperitivo....
Lo mejor es ese encuentro de dos corazones.
En cuanto al refrán que pongo en mi entrada, veré la manera de explicártelo para que lo entiendas.
En Castilla- León suele hacer mucho frío, las heladas y las temperaturas bajas se prolongan, muchos años, hasta bien entrada la primavera, la gente sigue abrigada y no hay que guardar las ropas hasta Junio que pasamos directamente del frío al calor, de ahí el dicho del refrán NO TE QUITES EL SAYO.
LA PALABRA SAYO SE REFIERE A UNA PIEZA DE ROPA QUE USABAN LOS CAMPESINOS PARA ABRIGARSE.
En el pueblo, donde suelo ir los veranos, tengo una huerta y en ella planto productos de temporada, muchas años, si te adelantas a plantarlos, viene una helada y lo estropea todo.
Cariños en abrazos.
kasioles
Una dulce sensualidad.
ResponderEliminarMuy bonito.
Un beso.
Tanto fogo... Poema brilhante!!! Como aliás já nos habituaste...
ResponderEliminarBeijinhos e um excelente dia!
É perfeita, a forma como usa os detalhes, as palavras, a descrição. Adoro.
ResponderEliminarAh sim, querida Céu, se todos pudessem vivenciar a plenitude do amor, sensual e cósmico...Há por certo muita alegria e prazer em amores rápidos, furtivos, que visam apenas saciar o desejo do corpo, mas esta é uma alegria que pouco dura, e precisa de substituição infinita de parceiros para manter a chama acesa na pura matéria. Mas o fogo que se acendeu do contato de dois corações que se atraem e se amam, do atrito de dois corpos que buscam se entender como pessoas e não apenas como brinquedos de amar, esse sim, queima eternamente.
ResponderEliminarUm grande abraço, com muito carinho!
Bíndi e Ghost
Un cuerpo y un corazón... y ello es así, porque muchas veces uno más uno suma uno...
ResponderEliminarPaz y Salud
Isaac
UFFFFFFFFFFF QUÉ SUGERENTE TEXTO...!! ME ENCANTA!!
ResponderEliminarABRAZOS
Hola, Céu.
ResponderEliminarMe alegra saber de ti. Naturalmente que mantenemos nuestra amistad.
En mi perfil del blog y en éste abajo a la izquierda está mi dirección de correo. Si deseas que nos comuniquemos por ese medio envíame un mail.
Un abrazo.
Quando o aperitivo é de qualidade o apetite abre-se. Nem sempre um só varão é suficiente.
ResponderEliminarUm beijo.
O erotismo é uma das bases do conhecimento de nós próprios, tão indispensável como a poesia.
ResponderEliminarBom fim de semana, Céu!:)
Una magnífica ascensión hacia ese cielo tan deseado.Un relato pleno de matices eróticos que nos lleva a un final apoteósico.
ResponderEliminarUn placer y un abrazo
acho que a todos é dado experimentar o amor tão belamente descrito, pena que alguns não se permitam...
ResponderEliminarbjs
Corpo, alma e coração em harmonia.
ResponderEliminarNão canso de dizer que tens o dom de sensualizar as palavras.
Belíssimo querida!
Beijo e lindo fim de semana.
Olá Céu, fazes maravilhas com o idioma de Camões !
ResponderEliminarrepresentação da união perfeita de corpo e alma
que corpinho tem essa senhora, espetáculo :)
feliz e sensual fim de semana para ti
beijocas
Angela
Ah, como eu ficaria contente, se todas experimentassem
ResponderEliminaresta indescritível sensação, que é abandonar um varão
para nos unirmos, de facto, a um corpo e a um coração.
Lindo e muito forte! É exatamente aí onde reside a grandeza e a pureza do sentimento.
Fiquei feliz com a tua visita e teu comentário deixado no nosso Literatura & Companhia Ilimitada.
Abraços,
Furtado.
Céuamiga
ResponderEliminarJá tinha passado por cá e lido o teu poema/prosa com o propósito de voltar para aprofundar a sensação inicial - excelente. Voltei. Dei voltas e mais voltas pus o texto lindíssimo a fazer o pino, a saltar ao eixo, de frente para traz e de traz para a frente, tentei mesmo observa-lo ai microscópio medi-lo com um nónio, eu sei lá que mais.
No fim, o resultado foi sempre repetitivo, Pendurado num arco floreado, o balão tinha o mesmo peso, a mesma dimensão, o mesmo paralelo, a mesma latitude: Um poema/prosa lindíssimo, provocante, sensual, envolvente, jogando perfeitamente com as ilustrações do cabeçalho.
És uma Poetisa, uma Mulher inebriante uma Salomé dançando os sete véus para pedir a cabeça do João Baptista numa bandeja. O erotismo extravasa do teu texto, espraia-se em maré alta e afoga-nos no prazer, porque é realmente um prazer lê-lo mil vezes e regressa-lo para compreendê-lo. Uma união, um paraíso - dizes.
Mas dizes mais: para nos unirmos , de facto, a um corpo e a um coração. Fabuloso!
Qjs do
Pernoca Marota
Um lindo e gostoso de ler esse texto poético, nos faz viajar a cada linha
ResponderEliminarBeijos
Rafael
Há poemas calorosos como este da Céu, assim sob este intenso dia...
ResponderEliminarBeijo
Céu, minha Querida
ResponderEliminarConsegues um Poema (con)sensualmente descritivo, intenso e pleno. Ler ( e reler) é um exercício obrigatório para aglutinar toda a informação que o constrói.
Gostei. Parabéns.
Acho que já o disse, mas repito-o: ficas transparente (poeticamente, claro).
Beijos
SOL
Por vezes o mar
ResponderEliminarmais azul
que os céus
Olá, CÈU,
ResponderEliminarEnquanto eu continuar visitando sua página e lendo seus textos, tenho certeza que estou bem vivo.
Obrigado pela visita, um abraço, paz e bem